Foi tudo uma ilusão. Uma bonita,
por sinal. Mas não passa disso, de uma ilusão. Tu no fundo sabes que estás a
viver uma ilusão e que aquilo não é real, pelo menos parte daquilo. Mas trancas
esse sentimento. E depois, só quando tudo acaba, tudo se desmorona é que te
apercebes que não devias estar assim tão surpreendida. Porque no fundo TU
sabias. Sabias que era mentira, sabias que voltaria a acontecer, que o
sentimento não era o mesmo, que um dia tudo acabaria.
Medo. Isso era o que tu tinhas. E ainda tens, porque o medo não é especialmente das crianças, mas sobretudo da gente crescida. Medo de perderes. Medo da mudança. Medo do futuro. Medo do que poderás ver. Medo do que não poderás ver. Medo do que és. Medo do que não és. Medo do que poderás vir a ser. Medo do que não poderás vir a ser. Medo do que sentes. Medo do que não poderás vir a sentir. Medo, simplesmente!
Agora, estás aí, sozinha, abandonada, sem saber que rumo seguir. Presa. É isso. Estás presa. Presa a pessoas. Presa a lugares. Presa a palavras. Presa a objetos. Mas ao mesmo tempo, deslocada. Sem pertenceres a lado nenhum. Ignorante. Sem perceberes o que hás-de fazer ou mesmo o porquê do que fizeste.
Mudança. É disso que precisas. Mas da mudança certa. Não de uma mudança qualquer só para aliviar a dor. Uma mudança que te faça curar esse vazio que tens no peito e que faça com que só fiquem as boas memórias de um tempo de pura felicidade ilusória. No entanto, era felicidade, pelo menos da tua parte…

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